
O Banco do Brasil (BB) anunciou uma revisão para baixo em sua projeção de lucro líquido ajustado para 2025, refletindo os impactos da alta da inadimplência entre produtores rurais e da elevação dos custos de crédito no setor agrícola. A instituição agora estima ganhos entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões, ante a previsão anterior, que variava de R$ 21 bilhões a R$ 25 bilhões.
De acordo com o relatório divulgado nesta terça-feira (12), o banco registrou queda de 60,2% no lucro ajustado do terceiro trimestre, totalizando R$ 3,79 bilhões, em comparação com o mesmo período de 2024. A carteira de crédito rural apresentou aumento na taxa de inadimplência, que subiu para 5,34%, acima da média geral da instituição.
O Banco do Brasil atribui o recuo nos resultados ao clima adverso que afetou as safras agrícolas, à redução dos preços de commodities e ao endividamento crescente do setor rural, especialmente entre pequenos e médios produtores. O cenário também foi impactado por atrasos em repasses de programas oficiais de crédito e pela queda nas exportações agrícolas.
Especialistas do mercado financeiro avaliam que o movimento do banco reflete a pressão sobre o sistema de crédito agrícola nacional, em um momento de margens apertadas e custos de financiamento mais altos. Para o economista Fernando Honorato Barbosa, da Bradesco Asset, “a inadimplência rural tende a permanecer elevada até o segundo semestre de 2026, exigindo ajustes nas carteiras e renegociação de dívidas”.
Apesar da revisão, o Banco do Brasil afirmou que mantém solidez patrimonial e índices de capitalização confortáveis, reforçando seu papel como principal agente financiador do agronegócio no país. Ainda assim, a instituição sinaliza um cenário de prudência para o próximo ano, com foco em gestão de risco e sustentabilidade da carteira de crédito.
FONTE: reuters.com