
O setor agrícola, tradicionalmente um dos pilares da economia brasileira, vive dias de apreensão. O Banco do Brasil, principal instituição financeira voltada ao crédito rural, registrou no segundo trimestre de 2025 a maior taxa de inadimplência do agronegócio em sua história recente.
De acordo com dados divulgados pela própria instituição, a taxa de calotes na carteira agro saltou de 1,32% em 2024 para 3,49% neste ano, ultrapassando inclusive as projeções mais pessimistas do mercado. O aumento está diretamente ligado a uma combinação de fatores: condições climáticas adversas, encarecimento dos insumos agrícolas e juros elevados, que dificultaram o pagamento das dívidas por parte dos produtores.
A situação preocupa não apenas o banco, mas todo o setor produtivo. O agronegócio responde por uma fatia significativa do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e é peça fundamental na balança comercial do Brasil. A elevação dos índices de inadimplência pode gerar reflexos em cadeia, atingindo cooperativas, fornecedores e, em última instância, a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional.
Apesar do cenário desafiador, a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, adotou tom cautelosamente otimista. Segundo ela, a expectativa é de que a próxima safra, mais robusta, e a valorização de algumas commodities ajudem na retomada da capacidade de pagamento dos produtores rurais. O banco, contudo, já estuda estratégias de renegociação de dívidas e linhas de crédito emergenciais para evitar que a crise se agrave.
Especialistas alertam que, se não houver medidas eficazes de apoio e planejamento, o atual quadro de inadimplência pode comprometer não apenas o desempenho do banco estatal, mas também o ritmo de crescimento da economia brasileira em 2025, que tem no agronegócio uma de suas principais engrenagens.
FONTE: reuters.com