Banco Central mantém juros em 15% e adota postura cautelosa diante de inflação resistente

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta semana manter a taxa Selic em 15% ao ano, reforçando sua postura de cautela diante de uma inflação que, embora em queda, ainda opera acima da meta oficial definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

A decisão, já esperada pelo mercado financeiro, representa a sexta manutenção consecutiva da taxa básica de juros, que permanece no maior patamar desde 2006. Segundo o comunicado divulgado pelo Copom, o cenário inflacionário exige “vigilância prolongada” e não permite, neste momento, sinalizações firmes sobre o início de um ciclo de cortes.

“O ambiente segue desafiador. A inflação mostra desaceleração, mas os núcleos de preços ainda estão acima do compatível com o cumprimento da meta”, destacou o BC em nota oficial.

Em novembro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 12 meses recuou para 4,43%, se aproximando do teto da meta (4,5%). Apesar disso, o Banco Central considera que os riscos fiscais, os impactos climáticos sobre a produção de alimentos e a volatilidade cambial ainda pressionam a política monetária.

A continuidade dos juros elevados impacta diretamente o crédito ao consumo e os investimentos produtivos, o que já se reflete em números mais modestos de crescimento econômico. O PIB do 3º trimestre avançou apenas 0,2%, sinalizando desaceleração da atividade econômica, segundo dados preliminares do mercado.

Para 2026, o mercado especula a possibilidade de início de cortes graduais nos juros, desde que a trajetória inflacionária continue em queda e o equilíbrio fiscal seja preservado. Economistas avaliam que a manutenção prolongada da Selic em dois dígitos limita o crescimento, mas ainda é considerada necessária para ancorar as expectativas e preservar a credibilidade da política monetária.

FONTE: reuters.com