
O cenário econômico brasileiro no fim de 2025 acende alertas sobre os riscos crescentes de desaceleração mais profunda, em meio à manutenção de juros elevados, crédito caro e consumo em estagnação. Apesar de um primeiro semestre com desempenho acima do esperado, os últimos dados do IBGE mostram que a atividade perdeu ritmo e revela um quadro de fragilidade interna, que pode comprometer os resultados de 2026.
A taxa básica de juros (Selic), mantida em patamar alto para conter a inflação nos últimos anos, tem sido apontada como um dos principais obstáculos à expansão do consumo e dos investimentos. O consumo das famílias, que cresceu apenas 0,1% no terceiro trimestre, mostra sinais claros de esgotamento, pressionado pelo endividamento recorde e pela perda de renda em setores informais.
“A política monetária precisa ser revista com urgência. O juro alto está afetando a base da economia: o consumo interno”, afirmou Mariana Nunes, economista da Tendências Consultoria. Ela reforça que a continuidade desse cenário pode resultar em uma “aterrissagem mais dura” da atividade, com impactos diretos sobre o emprego e a arrecadação.
Além da demanda doméstica desaquecida, o país enfrenta riscos externos associados à desaceleração global, à oscilação dos preços de commodities e a incertezas geopolíticas que afetam o comércio internacional — setores dos quais o Brasil ainda depende fortemente, especialmente por meio do agronegócio.
Outro ponto de atenção é a produtividade estagnada e a lentidão na execução de reformas estruturantes — como a reforma tributária — que poderiam impulsionar o ambiente de negócios e aumentar a competitividade nacional. Sem avanços nessa frente, analistas alertam para o risco de crescimento medíocre e instável.
A expectativa do mercado e de agentes políticos é de que o Banco Central sinalize cortes na taxa Selic já no primeiro trimestre de 2026, acompanhados de medidas de estímulo à economia real, como programas de infraestrutura, incentivos ao crédito e fortalecimento das políticas sociais.
O desafio do governo federal será equilibrar responsabilidade fiscal com ações que evitem um 2026 marcado pela paralisia econômica. Para isso, será necessário um ajuste fino entre controle inflacionário, dinamismo produtivo e retomada do consumo interno.
FONTE: agenciabrasil.ebc