A economia da Alemanha registrou uma retração de 0,1% no segundo trimestre de 2025, segundo dados preliminares divulgados pelo Destatis, o instituto oficial de estatísticas do país. O resultado negativo, somado à queda de 0,2% no primeiro trimestre, confirma o ingresso da maior economia da Europa em recessão técnica — definida por dois trimestres consecutivos de contração do PIB.
A queda foi atribuída principalmente ao desempenho fraco das exportações, à redução do consumo das famílias e ao impacto das novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, que passaram a afetar diretamente setores industriais estratégicos como o automobilístico, o químico e o de maquinário pesado.
Economistas destacam que o “efeito antecipação” — causado pela corrida de exportadores alemães para enviar produtos antes da entrada em vigor das tarifas — impulsionou artificialmente os números do primeiro trimestre e agravou o desaquecimento no trimestre seguinte.
Além disso, a demanda doméstica sofreu com a manutenção de taxas de juros elevadas pelo Banco Central Europeu, hoje em 4,5%, o que encareceu o crédito e pressionou o consumo e o investimento privado. O setor de construção, por exemplo, registrou sua maior retração desde 2021, agravado pela alta nos custos de financiamento e pela queda na confiança empresarial.
“Estamos diante de uma recessão silenciosa, mas preocupante. A indústria alemã perdeu fôlego, e o setor de exportações, que sempre foi o motor da economia, está sob pressão crescente”, avaliou Klaus Jäger, economista do Instituto Ifo de Pesquisa Econômica de Munique.
Em meio à desaceleração, o governo alemão já discute medidas de estímulo fiscal focadas em infraestrutura verde e digitalização, mas encontra limites fiscais rígidos dentro da regra do “freio da dívida” (Schuldenbremse), em vigor desde 2011.
A previsão do mercado para o crescimento da Alemanha em 2025 já foi revisada para 0,4%, bem abaixo da média da zona do euro, sinalizando que o país pode se tornar um dos principais freios ao crescimento europeu no curto prazo.
FONTE: reuters.com