Especialistas defendem expansão da Educação Profissional como resposta ao colapso do Ensino Médio

Diante de um cenário de estagnação e desinteresse crescente no Ensino Médio, especialistas em educação vêm defendendo a ampliação da Educação Profissional e Tecnológica (EPT) como uma das principais estratégias para reverter a crise na formação dos jovens brasileiros. Em artigo publicado nesta segunda-feira (1º), no jornal O Globo, o grupo de educadores aponta que o atual modelo de ensino médio já não atende às demandas da juventude nem às exigências do mundo do trabalho.

A proposta é que a EPT seja integrada ao currículo do Ensino Médio como uma via de formação com mais sentido prático e alinhada às transformações econômicas e sociais do século XXI — como a digitalização, a transição energética e os setores criativos e da saúde.

Segundo dados destacados no artigo, apenas 15% dos estudantes brasileiros do Ensino Médio estão matriculados atualmente em cursos técnicos, embora 64% afirmem desejar uma formação técnica integrada. A disparidade revela um descompasso entre oferta e demanda, e reforça a urgência de políticas públicas que expandam a infraestrutura, os currículos e o financiamento da educação profissionalizante.

“É preciso deixar de tratar a EPT como uma alternativa de segunda classe. Trata-se de uma estratégia potente para formar jovens mais preparados, engajados e com perspectivas reais de inserção no mercado de trabalho e na sociedade”, defendem os autores do texto.

Os especialistas também alertam para o risco de descontinuidade de políticas públicas voltadas ao setor e reforçam a importância de construir currículos regionais, conectados com as vocações econômicas locais e com a participação ativa de redes estaduais de ensino e setor produtivo.

A proposta vem ganhando adesão entre gestores educacionais, especialmente em estados como Paraná, Pernambuco e Espírito Santo, que já iniciaram a integração de cursos técnicos ao ensino regular. O debate, no entanto, ainda enfrenta resistência de setores que temem a descaracterização do Ensino Médio como etapa preparatória para o ensino superior.

FONTE: oglobo.globo.com