O Ministério Público do Paraná (MPPR) recebeu nesta semana o relatório final da audiência pública realizada em 9 de junho, que discutiu o crescente adoecimento de profissionais da educação na rede estadual. O documento, elaborado por parlamentares, sindicatos e especialistas, aponta para um cenário preocupante de assédio institucional, sobrecarga de trabalho e uso compulsório de plataformas digitais sem respaldo pedagógico.
Segundo os organizadores, a audiência reuniu depoimentos de educadores de diversas regiões do estado, que relataram sintomas de estresse crônico, burnout e sofrimento psíquico relacionados às atuais condições de trabalho. Um dos principais pontos de crítica foi a imposição do uso de ferramentas digitais, como o Google Classroom e o Redação Paraná, sem o devido preparo ou escuta pedagógica.
Entre as recomendações feitas ao MPPR estão a suspensão imediata dessas plataformas, a criação de canais institucionais para denúncia de assédio moral e a implementação de políticas permanentes de cuidado à saúde mental dos trabalhadores da educação.
A deputada estadual Ana Júlia Ribeiro (PT), uma das articuladoras da audiência, afirmou que “o presenteísmo – a presença física mesmo em condições de adoecimento – está sendo naturalizado na rede pública, colocando em risco não apenas os educadores, mas o processo educacional como um todo”.
O MPPR informou que está analisando os documentos e avaliará possíveis medidas de intervenção junto à Secretaria de Estado da Educação (SEED). Representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato) cobraram maior diálogo e escuta por parte da gestão estadual.
O caso evidencia uma tensão crescente entre a base docente e os órgãos gestores da educação, e reacende o debate sobre o equilíbrio entre inovação tecnológica e respeito ao trabalho pedagógico.
FONTE: opresente.com.br