Apesar da recente desaceleração da inflação, analistas de mercado mantêm a previsão de que a taxa básica de juros (Selic) permanecerá em 14,75% ao ano até, pelo menos, o fim de 2025, com possibilidade de início de cortes apenas a partir de 2026. A estimativa, divulgada nesta quarta-feira (11) no Boletim Focus do Banco Central, reflete uma postura cautelosa diante do cenário econômico global ainda incerto e da resistência de alguns componentes inflacionários.
A Selic, no atual patamar, é a mais elevada desde 2006 e vem sendo mantida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) como estratégia para conter a inflação, que, embora em queda, ainda se mantém acima da meta oficial do Conselho Monetário Nacional (3%). Em maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,26%, acumulando 5,32% em 12 meses.
Segundo economistas, a manutenção prolongada da Selic em níveis elevados deve continuar pressionando o crédito, o consumo e o investimento produtivo, com impacto direto sobre setores como comércio e indústria. Por outro lado, o Banco Central adota um discurso de “prudência e flexibilidade”, avaliando que qualquer antecipação no corte de juros deve considerar com rigor a evolução dos indicadores de inflação, crescimento e o cenário fiscal.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reafirmou recentemente que o comitê “não tomará decisões baseadas em um único indicador, mas em um conjunto de evidências que demonstrem trajetória sustentável de controle inflacionário”.
Enquanto isso, agentes econômicos seguem atentos às próximas decisões do Copom, especialmente a que será anunciada nos dias 17 e 18 de junho, que poderá indicar os rumos da política monetária para o segundo semestre. A expectativa é que, mesmo com a inflação em desaceleração, a taxa de juros continue elevada por mais tempo do que o inicialmente previsto, como forma de consolidar a credibilidade da política econômica frente ao mercado e à sociedade.
FONTE: economia.uol