Globalização em Xeque: Especialistas Alertam para Riscos Fiscais e Comerciais nos EUA e Seus Reflexos Globais

A economia global pode estar entrando em um novo ciclo de vulnerabilidade, alertam economistas e analistas financeiros internacionais. Em um artigo publicado nesta semana pelo Financial Times, especialistas apontam que os desequilíbrios fiscais e comerciais dos Estados Unidos — a maior economia do mundo — colocam em risco a estabilidade do sistema financeiro internacional e reacendem o debate sobre os limites da globalização como a conhecemos.

De acordo com o texto, o governo norte-americano tem mantido altos déficits fiscais, com crescente dependência de capital estrangeiro para financiar seus gastos. Ao mesmo tempo, o desequilíbrio na balança comercial, agravado pela guerra tarifária com a China e pela desaceleração industrial interna, fragiliza a sustentabilidade do atual modelo de crescimento.

“A globalização gerou ganhos expressivos, mas está mostrando rachaduras em sua base fiscal e política. O mundo não pode depender indefinidamente do apetite global por títulos da dívida americana”, afirma o economista Kenneth Rogoff, citado no artigo.

Com a possível redução da demanda por esses títulos — especialmente por parte da China e de fundos soberanos árabes, diante de tensões diplomáticas e estratégias de diversificação — cresce o risco de pressão sobre o dólar, alta nos juros globais e volatilidade nos mercados emergentes, como Brasil, Índia e Indonésia.

Outro ponto sensível é o crescimento de movimentos protecionistas em grandes economias, que reforçam barreiras comerciais e reduzem a eficiência das cadeias globais de valor. Esse cenário já provoca realinhamentos entre blocos econômicos, com países buscando acordos bilaterais e reforçando produções nacionais estratégicas — do setor farmacêutico à microeletrônica.

A avaliação dos especialistas é de que a globalização segue viva, mas em transformação. O modelo baseado em interdependência ilimitada, déficits toleráveis e expansão do livre comércio está sendo substituído por um sistema mais cauteloso, resiliente e, possivelmente, fragmentado.

FONTE: ft.com