O dólar comercial registrou uma queda acumulada superior a 10% no primeiro semestre de 2025, marcando um dos recuos mais expressivos dos últimos anos frente ao real. A moeda norte-americana vem sendo pressionada por uma combinação de fatores internos e externos, que incluem a elevação dos juros no Brasil, o cenário de aversão ao risco nos Estados Unidos e as novas tarifas comerciais adotadas pelo governo norte-americano.
Analistas atribuem parte significativa do movimento ao endurecimento da política monetária brasileira. A recente decisão do Banco Central de elevar a Selic para 15% ao ano — o maior patamar desde 2006 — tem atraído investidores estrangeiros para ativos brasileiros, especialmente em renda fixa, o que fortalece a entrada de dólares no país.
Além disso, o chamado “tarifaço” promovido pelo governo dos EUA contra produtos asiáticos e latino-americanos tem gerado incertezas sobre o comércio internacional e elevado o custo do dólar globalmente, provocando movimentos de desvalorização pontuais frente a moedas emergentes.
“Estamos diante de um cenário técnico e político que favorece o real. A taxa de juros brasileira elevada e o diferencial de risco tornam o país mais atrativo neste momento”, avalia Mariana Rocha, economista-chefe da consultoria Finmark.
A tendência de queda do dólar também repercute positivamente na redução dos preços de produtos importados, o que contribui para o controle da inflação — especialmente em segmentos como combustíveis, eletroeletrônicos e insumos industriais.
No entanto, especialistas alertam que a cotação pode sofrer oscilações nas próximas semanas, a depender do rumo das negociações comerciais internacionais e de eventuais ajustes nas expectativas inflacionárias.
FONTE: economia.uol.com.br