As recentes tensões no Oriente Médio voltaram a pressionar o preço do petróleo no mercado internacional, acendendo um alerta para economias emergentes como a do Brasil, que podem enfrentar impactos diretos sobre os custos de combustíveis e inflação nos próximos meses.
Na última semana, a cotação do barril do Brent — referência global — superou os US$ 88, após confrontos entre forças do Irã e de Israel no entorno do Estreito de Ormuz, rota por onde passa cerca de 30% do petróleo mundial. Embora um cessar-fogo tenha sido anunciado neste fim de semana, o mercado segue instável e analistas não descartam a possibilidade de o barril ultrapassar os US$ 100, caso o conflito volte a escalar.
No Brasil, o impacto mais imediato recai sobre os preços dos combustíveis, sobretudo o diesel e a gasolina, que já operam sob um regime de paridade com o mercado internacional. Além disso, o encarecimento do petróleo tende a pressionar os custos logísticos e de produção industrial, com efeitos em cadeia sobre os preços de alimentos, transportes e bens de consumo.
“Esse tipo de choque externo é um dos mais difíceis de controlar. Mesmo com a Selic elevada, a inflação pode escapar do centro da meta se o petróleo continuar em alta”, explicou o economista André Vasconcelos, da consultoria Risco Global.
Outro fator de preocupação é o câmbio: em meio à aversão ao risco global, investidores buscam moedas fortes, o que tem elevado o dólar frente ao real — atualmente cotado a R$ 5,68. Essa valorização da moeda americana aumenta o custo de importações e pode reforçar a inflação no curto prazo.
O Banco Central, que recentemente elevou a taxa Selic para 15%, já admitiu em nota que acompanhará de perto os desdobramentos geopolíticos e seus reflexos sobre a inflação, sobretudo no grupo de energia e transportes, que responde por parcela significativa do IPCA.
FONTE: portalteia.com