
O Brasil deu um passo estratégico rumo à fortalecimento de sua infraestrutura digital ao anunciar, em setembro de 2025, um pacote de medidas para atrair investimentos em data centers e estimular o desenvolvimento da tecnologia da informação (TI) no país. A iniciativa faz parte de um esforço maior para consolidar o país como polo tecnológico na América Latina e reduzir a dependência de estruturas internacionais.
O programa, lançado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços em parceria com o Ministério das Comunicações, oferece incentivos fiscais, facilitação regulatória e estímulo à formação de profissionais qualificados. A medida foi bem recebida pelo setor privado, que vê no plano um sinal claro de que o Brasil está comprometido com a expansão da chamada “economia de dados”.
“O crescimento exponencial de serviços baseados em nuvem, inteligência artificial e big data exige um salto na capacidade de armazenamento e processamento local. Essa política é fundamental para atrair gigantes do setor e garantir soberania digital ao país”, destacou a secretária de Economia Digital, Letícia Amorim.
Em resposta às medidas, empresas globais já sinalizam novos aportes. Um exemplo é o anúncio do primeiro centro de dados da TikTok na América Latina, que será construído no Brasil com funcionamento baseado 100% em energia eólica. A obra integra um movimento de descentralização digital de grandes plataformas que, até então, operavam com servidores concentrados fora da região.
Segundo analistas, os investimentos em data centers não apenas ampliam a capacidade técnica do país, mas também geram efeitos multiplicadores: criação de empregos, aumento da segurança cibernética, atração de startups e expansão dos serviços digitais para áreas como saúde, educação, logística e agricultura.
A medida se insere em um contexto de disputa geopolítica por controle e hospedagem de dados, em que países tentam fortalecer sua infraestrutura crítica diante do avanço da digitalização. “Infraestrutura digital é hoje tão estratégica quanto energia ou transporte. O Brasil começa a entender isso e age com protagonismo”, avalia o consultor em tecnologia Renato Fagundes.
Com o plano em execução, o governo espera que o Brasil salte nos próximos três anos da 5ª para a 2ª posição em capacidade de hospedagem de dados na América Latina — tornando-se referência regional em armazenamento, processamento e serviços de nuvem com base local.
FONTE: reuters.com