
A economia do Brasil perdeu fôlego no terceiro trimestre de 2025, com o Produto Interno Bruto (PIB) registrando crescimento de apenas 0,1% em comparação com os três meses anteriores. Os dados, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), confirmam o ritmo mais lento da atividade econômica nacional, em meio ao cenário de juros altos, crédito restrito e demanda interna fragilizada.
Na comparação com o mesmo período de 2024, o PIB teve alta de 1,8%, enquanto o acumulado dos últimos 12 meses chegou a 2,7% — indicando uma trajetória de desaceleração progressiva. O setor de serviços, que representa mais de 70% da economia, teve variação quase nula (+0,1%), puxado pela estagnação no consumo das famílias e pela cautela nos investimentos.
A indústria cresceu 0,8% no trimestre, impulsionada por segmentos como construção civil e bens intermediários, enquanto a agropecuária apresentou leve alta de 0,4%, sustentada por exportações robustas e desempenho positivo em parte da safra.
Analistas de mercado destacam que os números reforçam a expectativa de que o Banco Central inicie cortes na taxa básica de juros (Selic) já no início de 2026. “A fraqueza nos serviços e o consumo praticamente estagnado sinalizam que a política monetária contracionista está fazendo efeito, mas já começa a frear demais o crescimento”, avaliou um economista do setor financeiro.
O consumo das famílias, motor tradicional da economia brasileira, cresceu apenas 0,1% no trimestre, afetado pelo alto custo do crédito, inflação resistente em alguns setores e instabilidade no mercado de trabalho informal.
O desempenho fraco do trimestre reacende debates sobre a capacidade do país de manter crescimento sustentável sem depender exclusivamente do agronegócio e das exportações. “Há risco de que a economia entre 2026 com baixo dinamismo e alto custo social se estímulos não forem ativados”, alertou um analista da FGV.
O governo federal, por sua vez, tem sinalizado que medidas de incentivo ao consumo, à infraestrutura e à industrialização devem compor o pacote de retomada para o próximo ano — enquanto o mercado observa atentamente os próximos passos da política monetária.
FONTE: agenciabrasil.ebc.com.br