
A empresa norte-americana Meta Platforms, dona do WhatsApp, Facebook e Instagram, entrou na mira das autoridades europeias em mais um capítulo da crescente tensão entre gigantes da tecnologia e órgãos reguladores. A Comissão Europeia abriu uma investigação antitruste para apurar o uso da inteligência artificial integrada ao WhatsApp, levantando suspeitas de prática anticoncorrencial e favorecimento indevido de algoritmos próprios.
De acordo com informações divulgadas nesta quarta-feira, o inquérito foca nos recursos de IA adicionados recentemente ao aplicativo de mensagens mais popular do mundo, incluindo assistentes automáticos, sugestões personalizadas e recursos de moderação inteligente. A Comissão suspeita que a Meta esteja impedindo o acesso de concorrentes a dados e funcionalidades essenciais, criando um ambiente desfavorável à livre concorrência.
“Estamos analisando se a Meta se valeu de sua posição dominante para integrar tecnologias próprias de forma anticompetitiva, prejudicando rivais e limitando opções ao consumidor europeu”, afirmou um porta-voz da Comissão.
A investigação ocorre no âmbito do novo Regulamento dos Mercados Digitais (DMA), que entrou em vigor na União Europeia em 2024 e estabelece regras rígidas para as chamadas “gatekeepers” — grandes empresas que controlam o acesso a mercados digitais. A Meta já havia sido alertada anteriormente sobre a necessidade de garantir interoperabilidade, portabilidade de dados e neutralidade no uso de IA em seus aplicativos.
Se for considerada culpada, a Meta poderá enfrentar multas bilionárias, além de ser obrigada a rever suas práticas comerciais e modificar estruturas técnicas da plataforma.
A empresa declarou, em nota, que coopera com as autoridades e que sua implementação de IA no WhatsApp respeita todas as normas europeias, garantindo privacidade, transparência e escolha ao usuário.
Este caso se soma a uma série de ações regulatórias em curso contra big techs na Europa, incluindo investigações sobre Amazon, Apple, Google e TikTok. Para analistas, o foco agora é avaliar como as novas tecnologias — especialmente a inteligência artificial — estão sendo utilizadas em plataformas com grande poder de mercado, e quais os riscos associados à concentração de dados e decisões automatizadas.
FONTE: reuters.com