
A China anunciou nesta semana um novo plano nacional de industrialização, voltado à reconfiguração estratégica da sua economia com foco em tecnologia de ponta, inteligência artificial, produção verde e autossuficiência em setores considerados críticos. A medida marca uma inflexão no modelo de crescimento chinês, tradicionalmente apoiado em volume de exportações e infraestrutura pesada.
Segundo o primeiro-ministro Li Qiang, o país deve concentrar investimentos públicos e privados em áreas como microeletrônica, biotecnologia, robótica avançada e energias renováveis, consolidando sua posição como potência tecnológica e reduzindo a dependência de cadeias de fornecimento externas. O novo plano foi batizado de “Fabricação Inteligente 2035” e antecipa metas que antes estavam previstas para a década de 2040.
O movimento, embora visto com entusiasmo por setores industriais chineses, tem gerado reação cautelosa entre parceiros comerciais e analistas globais. Especialistas apontam que o avanço chinês em áreas tecnológicas estratégicas pode gerar desequilíbrios competitivos, tarifas retaliatórias e disputas por subsídios industriais em mercados como União Europeia, Estados Unidos e América Latina.
“Essa reorientação tem potencial para transformar as cadeias globais de valor. Países que hoje fornecem insumos básicos à China ou dependem do consumo chinês como mercado final podem ser diretamente afetados”, analisa Paul Hendersen, do Institute for Global Trade Studies.
A proposta também integra uma resposta política à estagnação de setores tradicionais e ao desemprego crescente entre jovens qualificados na China. Nos bastidores, autoridades chinesas admitem que a mudança busca evitar um “atoleiro econômico” nos próximos anos, diante do esgotamento do modelo anterior.
A repercussão internacional ainda está em curso, mas a expectativa é de que a transição industrial chinesa gere novos tensionamentos comerciais, ajustes em acordos bilaterais e realinhamento de estratégias industriais em países concorrentes.
FONTE: reuters.com