
Apesar da trajetória de desaceleração da inflação oficial, os chamados núcleos inflacionários — que excluem itens voláteis como alimentos e energia — seguem em patamar elevado no Brasil. O alerta foi feito nesta quarta-feira (15) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante evento com representantes do setor produtivo e economistas em São Paulo.
Segundo o ministro, o comportamento persistente da inflação subjacente exige atenção redobrada das autoridades econômicas e valida a postura conservadora do Banco Central em manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano.
“Os núcleos de inflação ainda estão altos. Isso significa que há uma pressão inflacionária estrutural que não se resolve apenas com oscilação de preços pontuais. A política monetária precisa ser firme, mas também equilibrada”, afirmou Haddad.
O comentário reforça a avaliação do próprio Banco Central, que na última reunião do Copom decidiu interromper o ciclo de cortes da Selic iniciado em 2023. Embora o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tenha recuado nos últimos meses, os núcleos inflacionários — que ajudam a identificar a tendência de longo prazo — continuam distantes da meta de 3% estabelecida para 2025.
Economistas ouvidos por instituições financeiras também avaliam que a inflação de serviços e os reajustes contratuais indexados seguem como focos de pressão, especialmente em setores urbanos. Isso limita o espaço para flexibilizações rápidas na política monetária, mesmo com a economia crescendo abaixo do esperado.
Com o Produto Interno Bruto (PIB) projetado para avançar entre 2,2% e 2,4% este ano, e um cenário internacional de juros elevados, o governo tem buscado reforçar a credibilidade fiscal e monetária para manter a estabilidade de preços sem comprometer o crescimento.
FONTE: reuters.com