Em decisão amplamente aguardada pelo mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, consolidando o maior patamar desde 2006. A medida visa conter as pressões inflacionárias persistentes que vêm sendo observadas nos últimos meses.
Segundo o diretor de Política Monetária da autoridade monetária, Nilton David, a decisão não apenas mantém o nível atual de aperto monetário, como também sinaliza que os juros deverão permanecer elevados por um período mais prolongado do que o inicialmente projetado.
“A pausa no ciclo de ajustes não representa, neste momento, o início de um processo de afrouxamento. Estamos observando uma inflação mais resistente e um cenário internacional ainda volátil”, afirmou o diretor em coletiva nesta quinta-feira (9).
A avaliação técnica do Copom considera que, embora o IPCA ainda esteja dentro dos limites da meta inflacionária — acumulando 4,63% em 12 meses — a pressão sobre itens como transportes e serviços impede uma redução mais rápida dos juros. Além disso, a recente alta no dólar e incertezas fiscais internas contribuem para o ambiente de cautela.
No mercado financeiro, a decisão foi recebida com moderação. Investidores já precificavam a manutenção, mas passaram a adiar suas expectativas de cortes nos juros para o segundo trimestre de 2026. O impacto imediato é sentido nos financiamentos e no crédito, especialmente no consumo de longo prazo e na atividade industrial.
Economistas alertam que a manutenção dos juros altos pode limitar o ritmo de crescimento da economia brasileira em 2026, embora a estimativa para 2025 ainda esteja próxima de 2,4%, segundo o Banco Mundial.
FONTE: reuters.com