Apesar da desaceleração no ritmo de crescimento observada nos últimos meses, a economia brasileira ainda demonstra sinais importantes de resiliência, segundo avaliação do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Em declaração recente, Galípolo destacou que, mesmo em um cenário de juros elevados e inflação persistente, alguns indicadores seguem positivos, o que reforça a estratégia de manter a política monetária orientada por dados.
A taxa básica de juros (Selic) permanece em 15%, um dos níveis mais altos dos últimos anos, adotada como medida de contenção às pressões inflacionárias. O Banco Central tem sido cauteloso quanto a cortes na taxa, diante de uma inflação acumulada de 5,32% nos últimos 12 meses — número acima do centro da meta fixado pelo Conselho Monetário Nacional.
Entre os fatores que sustentam a visão de resiliência estão a estabilidade do mercado de trabalho formal, o desempenho do agronegócio em determinadas regiões e o crescimento moderado do setor de serviços. Ao mesmo tempo, a recuperação do consumo interno tem enfrentado limitações devido ao endividamento das famílias e à redução no poder de compra.
Segundo Galípolo, a atuação do BC continuará a ser guiada por evidências e projeções técnicas, com atenção às expectativas inflacionárias e à atividade econômica global, em especial o comportamento dos Estados Unidos e da China, que impactam diretamente o comércio exterior brasileiro.
A análise do Banco Central ocorre em meio à revisão das projeções oficiais para o ano. O Ministério da Fazenda reduziu a estimativa de crescimento do PIB para 2,3% em 2025 e manteve a previsão de inflação anual em 4,8%. Para o governo, o desafio fiscal também continua no centro das preocupações, mas será tratado sem comprometer o ritmo de recuperação econômica.
FONTE: reuters.com