Tradicionalmente um dos maiores mercados consumidores de café do mundo, o Brasil enfrenta uma queda significativa no consumo da bebida em 2025. Segundo pesquisa encomendada pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o número de brasileiros que reduziram o consumo aumentou de 3% em 2023 para 24% este ano — um sinal claro dos efeitos do aperto econômico no cotidiano das famílias.
A sondagem, realizada pelo instituto Axxus, mostra também que apenas 2% dos entrevistados aumentaram o consumo, ante 16% há dois anos. Especialistas do setor apontam que a elevação dos preços, influenciada por gargalos na oferta global, aumento de custos logísticos e variações cambiais, tornou o produto menos acessível para parte significativa da população.
“Estamos observando uma mudança de hábito até entre consumidores fiéis. A pressão inflacionária afeta diretamente o carrinho de compras, e o café não ficou de fora”, afirmou Ricardo Silveira, analista do mercado agrícola.
Os efeitos são sentidos não apenas no varejo, mas também na indústria de torrefação e nas exportações. Empresas do setor relatam queda nas vendas internas e ajustes na produção para se adaptar ao novo padrão de consumo.
Apesar do cenário adverso, o Brasil ainda ocupa a posição de segundo maior consumidor mundial, atrás apenas dos Estados Unidos. A Abic já trabalha em campanhas para incentivar o consumo e facilitar o acesso à bebida por meio de formatos mais econômicos e parcerias com supermercados.
A expectativa é que, com eventual recuo da inflação e melhora do poder de compra, o hábito de tomar café — profundamente enraizado na cultura brasileira — volte a ganhar força nos lares do país.
FONTE: reuters.com