A concessão de crédito no Brasil voltou a desacelerar em agosto, reflexo direto da política de juros elevados e do ambiente de cautela que marca o cenário econômico nacional. De acordo com dados divulgados pelo Banco Central, o crescimento do volume total de crédito no país caiu de 10,8% em julho para 10,1% em agosto, no acumulado de 12 meses.
O resultado evidencia o impacto das medidas de aperto monetário adotadas para conter a inflação, com a taxa básica de juros (Selic) mantida em 15% ao ano, patamar considerado alto pelos setores produtivos e consumidores.
Entre as modalidades de crédito, a retração foi observada tanto no segmento de pessoas físicas, que recuou de 13,2% para 12,5%, quanto no de pessoas jurídicas, que caiu de 7,5% para 6,7%. O Banco Central atribui essa queda ao encarecimento do crédito, à elevação dos custos financeiros e à maior seletividade por parte das instituições bancárias.
“O ciclo de aperto monetário continua influenciando o comportamento do crédito, que tende a se ajustar ao ritmo mais moderado de consumo e investimento”, afirmou a autoridade monetária em nota técnica.
O cenário também afeta o índice de inadimplência, que teve leve aumento, principalmente entre consumidores com renda mais baixa. Especialistas alertam que o recuo do crédito pode ter efeitos colaterais na atividade econômica, especialmente no varejo e na indústria, que dependem de financiamentos para giro e capital de investimento.
Mesmo assim, o Banco Central reiterou que a trajetória de política monetária continuará sendo guiada pelo cumprimento das metas de inflação, ainda que parte do mercado espere sinais de flexibilização nos próximos meses.
FONTE: reuters.com