Os dados mais recentes divulgados pelo Banco Central apontam que a concessão de crédito pelos bancos no Brasil desacelerou pelo segundo mês consecutivo em agosto de 2025. O volume de novos empréstimos caiu 0,8% em relação a julho, refletindo os efeitos persistentes da política monetária restritiva e dos juros ainda elevados no país.
A taxa básica de juros (Selic), atualmente em 10,75% ao ano, tem se mantido em patamar considerado alto, mesmo com o ciclo de cortes iniciado no primeiro semestre. Essa conjuntura tem limitado o apetite de famílias e empresas por crédito, especialmente no setor de consumo, que depende de condições mais acessíveis para financiar bens duráveis, imóveis e investimentos de pequeno porte.
O recuo foi mais acentuado no segmento de crédito livre às pessoas físicas, com queda de 1,2%. Linhas como cartão de crédito rotativo, cheque especial e financiamento de veículos foram as mais impactadas. Já no crédito para empresas, houve estabilidade, mas com forte retração em novas concessões para capital de giro e investimentos.
“O mercado de crédito está em compasso de espera. A alta dos juros, somada ao encarecimento do custo de vida, fez com que bancos e consumidores adotassem uma postura mais cautelosa”, avalia o economista Fábio Azevedo, da consultoria Tendências.
Analistas esperam que a atividade de crédito só volte a crescer de forma consistente a partir de 2026, à medida que a inflação continue em desaceleração e que a Selic chegue a níveis abaixo de 10%.
Além disso, fintechs e bancos digitais também sentem os efeitos da desaceleração, já que parte expressiva de seus modelos de negócio depende do volume de concessão de crédito e da captação via canais online. A retração pode afetar principalmente o setor de tecnologia e startups em estágio de expansão, que tradicionalmente recorrem a linhas de crédito para alavancar operações.
FONTE: reuters.com