Apesar dos avanços nas políticas de formação docente nas últimas décadas, o Brasil ainda enfrenta um desafio persistente: 12,5% dos professores da educação básica da rede pública atuam sem graduação completa, segundo dados do Anuário da Educação Básica 2025, divulgado nesta semana pela organização Todos Pela Educação.
O relatório revela que, embora a maioria dos docentes possua formação em nível superior, uma parcela expressiva segue lecionando sem o diploma exigido por lei, especialmente em áreas rurais, regiões periféricas e municípios com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A situação é mais crítica nas etapas da educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, onde o déficit de formação plena é mais evidente.
De acordo com especialistas, a presença de professores sem licenciatura completa impacta diretamente na qualidade da aprendizagem, além de evidenciar a urgência de políticas públicas voltadas à formação inicial e continuada, sobretudo em cursos de licenciatura.
A presidente do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, afirmou que o dado deve servir de alerta:
“É inconcebível que, em pleno 2025, ainda tenhamos milhares de crianças sendo ensinadas por professores que não tiveram acesso à formação adequada. É preciso garantir carreira atrativa, condições de trabalho e acesso à formação em todos os territórios”, disse.
O Ministério da Educação reconheceu o problema e informou que está em fase de reformulação de programas como o Parfor (Plano Nacional de Formação de Professores) e o ProLicenciatura, com o objetivo de levar formação superior gratuita a professores em exercício.
Além da formação inicial, o Anuário aponta também para a necessidade de valorização profissional, com ênfase em salários, planos de carreira e infraestrutura nas escolas, especialmente nas redes municipais.
A persistência dessa realidade indica que, mesmo com avanços em outras áreas, o Brasil ainda precisa enfrentar barreiras estruturais para garantir que todo professor esteja preparado para garantir o direito à aprendizagem de cada aluno.
FONTE: brasilescola.com