Um relatório divulgado nesta terça-feira (3) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) acendeu um sinal de alerta para a crise no financiamento global da educação básica. De acordo com a organização, os cortes previstos podem deixar até 6 milhões de crianças fora da escola já em 2026, ampliando o número total de crianças e adolescentes sem acesso à educação para 278 milhões em todo o mundo.
A análise mostra que o investimento em educação por parte dos países e de organismos internacionais sofreu uma redução de 24% em relação a 2023, o que representa uma perda de aproximadamente US$ 3,2 bilhões. Três países concentram quase 80% dessa retração, segundo o relatório, que não teve os nomes revelados.
As regiões mais afetadas pelos cortes incluem África Ocidental e Central, Oriente Médio, Norte da África e outras áreas atingidas por crises humanitárias. No entanto, o Unicef alerta que os reflexos podem se estender para países de média renda, inclusive da América Latina, onde parte da população infantil já enfrenta barreiras estruturais ao acesso e à permanência escolar.
Para a diretora executiva do Unicef, Catherine Russell, as consequências vão além da evasão: “Cada dólar cortado da educação não é apenas uma decisão orçamentária — é o futuro de uma criança em jogo”. Ela ressalta que, especialmente em contextos de crise, a escola é muitas vezes o único ambiente onde a criança tem acesso à alimentação, segurança e apoio emocional.
O relatório também reforça o papel da educação como mecanismo de proteção infantil. Crianças fora da escola estão mais expostas a riscos como trabalho infantil, casamento precoce, violência e exploração. Para o Unicef, reverter essa tendência exige comprometimento político e investimento contínuo, mesmo em tempos de restrições fiscais globais.
O órgão da ONU pede que governos, doadores internacionais e instituições multilaterais mantenham a educação básica como prioridade nos orçamentos públicos. “Interromper o financiamento da educação agora é comprometer décadas de avanços em desenvolvimento humano e redução da pobreza”, conclui o comunicado.
FONTE: unicef