O mercado financeiro europeu viveu um dia de relativa tranquilidade nesta quarta-feira (20), em contraste com a volatilidade registrada nos mercados asiáticos e norte-americanos. No Reino Unido, o índice FTSE 100 alcançou um patamar histórico de 9.283 pontos, sinalizando confiança dos investidores, mesmo diante de um cenário econômico marcado por incertezas.
O recorde, no entanto, não esconde os desafios internos. Dados oficiais mostraram que a inflação britânica avançou para 3,8% em julho, puxada principalmente pelos preços de alimentos, energia e transporte. A alta reacende o debate sobre os próximos passos do Banco da Inglaterra, que vinha sendo pressionado a reduzir os juros ainda este ano, mas pode adiar a decisão diante da persistência da inflação.
Paralelamente, o governo britânico estuda uma intervenção para evitar a falência da siderúrgica Liberty Steel, em South Yorkshire, onde cerca de 1.450 empregos estão em risco. O caso é visto como um teste para a política industrial do país, que tenta equilibrar competitividade global com a preservação de postos de trabalho locais.
Na zona do euro, as bolsas operaram em leve alta, refletindo o alívio após semanas de instabilidade, embora a pressão inflacionária continue sendo motivo de cautela.
Economistas apontam que o contraste entre o recorde do FTSE e os sinais de fragilidade econômica mostra um mercado dividido entre otimismo financeiro e desafios concretos da economia real. “Os números da Bolsa refletem confiança dos investidores, mas a inflação elevada e o risco de falências industriais são lembretes de que o Reino Unido ainda enfrenta turbulências”, avaliou um analista ouvido pela reportagem.
Com inflação persistente, empregos em jogo e recordes no mercado de capitais, a economia britânica vive um momento paradoxal: força nas bolsas e fragilidade nas ruas.
FONTE: reuters.com