A mais recente medida do governo dos Estados Unidos, que impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, acendeu o alerta em Brasília e no setor produtivo. Economistas afirmam que o chamado “tarifaço” pode provocar forte pressão inflacionária no país, já que parte das mercadorias destinadas ao mercado externo tende a ser redirecionada ao consumo interno, alterando preços e estoques.
Diante da escalada da tensão comercial, o governo federal anunciou o Plano Brasil Soberano, pacote emergencial que inclui linhas de crédito especiais, reduções fiscais e estímulo a compras governamentais para amenizar o impacto sobre empresas exportadoras. A iniciativa também busca manter a competitividade de segmentos estratégicos, como o agronegócio e a indústria de transformação, considerados os mais afetados pela medida norte-americana.
Em discurso em Pernambuco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não pretende restringir a estratégia do país a um único parceiro comercial.
“Se os EUA não quiserem comprar, não vou ficar chorando, vou procurar outros países”, declarou, em tom de firmeza, reforçando a intenção de ampliar negociações com mercados como União Europeia, Ásia e Oriente Médio.
No setor privado, a notícia foi recebida com cautela. Exportadores de aço e produtos agrícolas, alvos diretos das tarifas, avaliam que a perda de competitividade nos EUA pode ser compensada parcialmente pela abertura de novos canais de comércio. Ainda assim, a incerteza predomina, sobretudo em relação ao efeito em empregos e investimentos.
Apesar da pressão externa, uma boa notícia veio do segmento avícola. Arábia Saudita e Chile retomaram as importações de frango brasileiro, suspensas desde o início do ano por questões sanitárias. A liberação deve injetar novo fôlego em um dos setores que mais gera divisas ao país, amenizando parte das perdas causadas pela guerra tarifária.
Especialistas avaliam que o Brasil entra em um período de reacomodação na economia internacional, testando sua capacidade de diversificar parceiros e fortalecer cadeias internas de produção. O desafio, segundo analistas, será equilibrar a defesa da soberania econômica com a manutenção de relações diplomáticas estáveis em meio ao turbulento cenário global.
FONTE: elpais.com