A entrada em vigor das novas tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros já provoca efeitos concretos na economia nacional e nas relações comerciais entre os dois países. O governo brasileiro, por meio dos ministérios da Fazenda e das Relações Exteriores, anunciou nesta terça-feira que deu início a procedimentos de contestação formal na Organização Mundial do Comércio (OMC), apesar das limitações operacionais enfrentadas pela entidade.
A medida tarifária — motivada oficialmente por questões de “segurança nacional”, segundo o governo norte-americano — atinge setores estratégicos da exportação brasileira, como piscicultura, madeira, café, celulose, energia e combustíveis. Estima-se que cerca de 45% dos produtos exportados pelo Brasil para os EUA sejam afetados diretamente.
Estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) projeta que a medida pode reduzir o Produto Interno Bruto brasileiro em até R$ 25,8 bilhões e resultar na perda de aproximadamente 146 mil empregos formais nos próximos meses.
As tensões se intensificaram com o agravamento do cenário político interno, após a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, decretada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. O episódio gerou reações públicas do ex-presidente norte-americano Donald Trump, que tem apoiadores próximos de Bolsonaro. A Casa Branca, por sua vez, evitou pronunciamentos diretos, mas fontes diplomáticas revelam que o impasse poderá afetar as tratativas para revisão tarifária.
Enquanto isso, o Banco Central brasileiro projeta um crescimento econômico mais modesto para 2025, estimado em 2,1%, com inflação acumulada prevista em 5,35%, acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. O próprio BC recomendou postura cautelosa diante do novo ambiente global adverso, sugerindo contenção fiscal e prudência nas políticas de estímulo ao consumo.
FONTE: gazetadopovo.com.br