Durante a cúpula do G20 sobre Inteligência Artificial realizada nesta semana em Xangai, o primeiro-ministro chinês Li Qiang propôs a criação de uma nova organização internacional voltada à governança da IA, com sede sugerida na própria cidade. A proposta, revelada em primeira mão pela agência Reuters, visa equilibrar o domínio tecnológico de potências ocidentais e fomentar a cooperação entre os países do chamado Sul Global.
“É essencial que a inteligência artificial avance com segurança, responsabilidade e sob uma governança inclusiva”, afirmou Li Qiang na sessão de abertura do fórum. “Propomos uma entidade que una nações em desenvolvimento e desenvolvidas para enfrentar os desafios regulatórios comuns da era digital.”
A organização, ainda sem nome definido, teria como missão estabelecer padrões éticos, promover a troca de conhecimento e mediar o uso de IA em áreas sensíveis, como vigilância, saúde pública, defesa e mercados financeiros. A proposta surge no contexto de crescente preocupação global com o uso de IA sem controle transnacional, com casos recentes de manipulação de dados, vieses algorítmicos e riscos à privacidade.
O encontro do G20 em Xangai reuniu líderes e especialistas de mais de 30 países. Apesar de recepção positiva por parte de nações africanas, latino-americanas e do Sudeste Asiático, a proposta enfrentou resistência de representantes dos Estados Unidos e da União Europeia, que defendem que o tema seja tratado no âmbito da OCDE e de fóruns já existentes.
O representante brasileiro no evento, ministro Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), sinalizou apoio à iniciativa: “O Brasil acredita em uma governança multilateral que leve em conta a diversidade social e cultural no uso da tecnologia. Estamos abertos ao diálogo e à construção de novas institucionalidades”.
Especialistas avaliam que a proposta chinesa é também uma estratégia geopolítica para reposicionar o país como articulador de uma nova ordem digital global, em resposta às sanções tecnológicas aplicadas por potências ocidentais nos últimos anos.
FONTE: reuters.com