A economia global entrou em um novo ciclo de tensões comerciais após o governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, anunciar uma ampliação agressiva das tarifas de importação sobre produtos oriundos de diversos países. As novas medidas, que entraram em vigor nesta semana, impõem taxas de até 50% sobre itens de países como Brasil, Índia, Suíça, Taiwan e Canadá, ampliando o escopo de restrições econômicas já aplicadas anteriormente à China.
Analistas classificam a ofensiva tarifária como o movimento mais agressivo de protecionismo desde a crise de 2008. O impacto imediato nos mercados foi uma alta volatilidade nas bolsas asiáticas e europeias, além de quedas em moedas de países emergentes. Em alguns casos, investidores migraram rapidamente para ativos considerados mais seguros, como ouro e títulos do Tesouro americano.
Os governos afetados, incluindo o Brasil, têm buscado respostas diplomáticas e medidas internas para amortecer os impactos. No entanto, o clima global é de alerta. “Estamos diante de uma fragmentação acelerada das cadeias produtivas globais, com risco de encarecimento de bens de consumo, retração do comércio internacional e aumento da inflação em mercados sensíveis”, afirmou a economista suíça Claire Marchand, da Organização Mundial do Comércio (OMC).
As tarifas atingem setores estratégicos como agronegócio, tecnologia, têxteis, metalurgia e produtos químicos, gerando preocupação entre exportadores e líderes empresariais. A Índia anunciou retaliações simbólicas, enquanto Taiwan e Canadá ainda avaliam contramedidas. No Brasil, o governo federal optou por evitar confronto direto e concentrar esforços em socorro interno, priorizando linhas de crédito e incentivos à diversificação de mercados.
Em Washington, Trump defendeu as medidas como uma forma de “proteger empregos americanos e recuperar a soberania comercial do país”, reiterando críticas à OMC e ao que chamou de “injustiças históricas nas relações comerciais bilaterais”.
A escalada protecionista ocorre em um momento de recuperação moderada da economia global. O Fundo Monetário Internacional (FMI) já alertou que o impacto combinado das tarifas pode reduzir em até 1,4 ponto percentual o crescimento mundial de 2025, com efeitos concentrados em países emergentes.
Para os próximos meses, a tendência é de retração nos volumes de exportação e revisão de acordos comerciais. A instabilidade atual também pode afetar decisões de investimento, especialmente em setores com forte dependência de insumos importados ou exportações concentradas.
FONTE: reuters.com