Em resposta às tarifas de até 50% impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, o governo federal decidiu adotar uma estratégia de apoio interno às empresas afetadas, evitando, ao menos por ora, medidas de retaliação comercial. A decisão foi confirmada por fontes da equipe econômica e do Itamaraty, que classificaram a medida como “proporcional e estratégica”.
Entre as ações anunciadas estão a ampliação de linhas de crédito via BNDES, Banco do Brasil e FINEP, flexibilização de tributos para exportadores prejudicados e incentivo à diversificação de mercados. A prioridade do governo, segundo assessores do Ministério da Fazenda, é preservar empregos, mitigar perdas imediatas e manter o Brasil como parceiro comercial confiável.
“A retaliação direta poderia escalar o conflito e gerar prejuízos bilaterais maiores. Por isso, optamos por reforçar nossa economia internamente e buscar caminhos diplomáticos para solucionar o impasse”, afirmou um técnico da Fazenda ouvido sob condição de anonimato.
Em paralelo, o Ministério das Relações Exteriores já iniciou consultas junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) para avaliar a legalidade das tarifas adotadas por Washington. Apesar do recurso jurídico internacional estar em andamento, integrantes do governo reconhecem que o sistema da OMC opera de forma lenta e com eficácia limitada em disputas complexas como essa.
Segundo analistas, a decisão brasileira demonstra maturidade estratégica e busca evitar rupturas em cadeias produtivas que dependem fortemente do comércio bilateral. A agroindústria, a indústria de base e o setor de celulose estão entre os mais atingidos.
Além disso, o Planalto sinalizou que pode adotar medidas alternativas de pressão indireta, como suspensão temporária de pagamentos de royalties a empresas norte-americanas, mas essas ações ainda estão em análise e não têm cronograma definido.
A escolha pelo socorro doméstico em vez da confrontação imediata indica que o governo aposta no equilíbrio entre firmeza e responsabilidade fiscal para lidar com a crise, ao mesmo tempo em que reforça sua disposição para o diálogo internacional.
FONTE: reuters.com