O governo brasileiro tem adotado uma postura de cautela diplomática diante do aumento tarifário anunciado pelos Estados Unidos, que entra em vigor no próximo dia 7 de agosto e poderá impactar fortemente as exportações nacionais. A medida, promovida pela administração do presidente Donald Trump, eleva tarifas para até 50% sobre produtos brasileiros, incluindo café, carne bovina, suco de laranja e aeronaves.
O Itamaraty, em articulação com os Ministérios da Economia e da Agricultura, trabalha nos bastidores para minimizar os efeitos da medida e preservar canais de negociação com a Casa Branca. Segundo fontes do governo federal, aproximadamente 45% das exportações brasileiras para os EUA não foram afetadas, com exceções mantidas para setores considerados estratégicos, como mineração e aviação.
Apesar disso, a tensão política permanece elevada. Parlamentares brasileiros criticaram publicamente o caráter punitivo da medida, apontando relação com episódios recentes da política interna brasileira, especialmente decisões judiciais relacionadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O envolvimento do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, na disputa geopolítica gerou notas oficiais do governo brasileiro denunciando possível interferência externa em temas de soberania nacional.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Associação Brasileira de Exportadores (AEB) avaliam que, mesmo com salvaguardas, os efeitos econômicos podem ser significativos. O setor agropecuário é um dos mais preocupados, já que os Estados Unidos representam um dos principais destinos dos produtos brasileiros de alto valor agregado.
Enquanto isso, o Ministério da Economia planeja anunciar linhas de crédito especiais e medidas emergenciais para mitigar perdas imediatas, sobretudo para empresas de pequeno e médio porte. A sinalização é de que não haverá isenções fiscais, mas sim instrumentos de financiamento para readequação de contratos e estoques.
No cenário externo, analistas avaliam que o Brasil evitará uma retaliação direta, optando por recorrer aos canais multilaterais de resolução de disputas comerciais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), e manterá o foco na preservação do diálogo diplomático.
FONTE: elpais.com