Tarifas Impostas pelos EUA Ameaçam Setores-Chave da Economia Brasileira e Acendem Alerta em Brasília

EconomiaYesterday

Entraram em vigor nesta sexta-feira (1º) as novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros, com alíquota de até 50% sobre itens-chave da pauta exportadora nacional. A medida, anunciada pelo governo norte-americano como parte de uma política de “protecionismo estratégico”, afeta diretamente setores como agroindústria, suco de laranja, carnes e calçados, acendendo um sinal de alerta no Palácio do Planalto.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), 35,9% das exportações brasileiras para os EUA serão atingidas pelas novas tarifas. Ainda que cerca de 700 produtos tenham sido isentados, os prejuízos estimados podem ultrapassar US$ 1,5 bilhão ao ano, com impacto direto sobre empregos, investimentos e a balança comercial brasileira.

Um dos setores mais afetados é o de suco de laranja, onde os EUA representam mais de 40% do mercado consumidor. Segundo a CitrusBR, associação que reúne os maiores exportadores, a medida coloca em risco US$ 792 milhões anuais em receitas. “Estamos falando de uma ação unilateral que ignora anos de parceria e estabilidade comercial. O setor está em choque”, afirmou Ibiapaba Netto, diretor executivo da entidade.

O impacto também é sentido na pecuária e na indústria calçadista. Fabricantes do Rio Grande do Sul e do Paraná alertam que a tarifa compromete a competitividade do produto brasileiro no mercado americano, onde o Brasil vinha crescendo nos últimos trimestres. “Empresas que exportam até 80% da produção para os EUA terão que rever contratos, linhas de produção e possivelmente demitir”, lamenta Milton Cardoso, presidente da Abicalçados.

Diante do cenário, o governo brasileiro reagiu com cautela, mas firmeza. Em nota oficial, o Ministério das Relações Exteriores informou que já iniciou tratativas diplomáticas com Washington, e que “não medirá esforços para proteger os interesses nacionais”. O presidente Lula, que participou de reuniões de emergência nesta manhã, criticou a medida e classificou o tarifaço como “injustificável e politicamente motivado”.

Economistas temem que as tarifas possam frear o ritmo da economia brasileira. O Fundo Monetário Internacional (FMI) já revisou para baixo sua projeção de crescimento do PIB do Brasil em 2025, estimando 2,3%, abaixo dos 3,4% registrados no ano anterior. A medida também causou instabilidade nos mercados: o Ibovespa fechou julho com queda de 4,17%, e o dólar superou a barreira dos R$ 5,60 nesta quinta-feira (31).

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) pressionam o governo federal por ações compensatórias imediatas, como a abertura de novos mercados, incentivos à exportação e acordos bilaterais emergenciais.

Enquanto isso, entidades da sociedade civil e movimentos sociais convocaram manifestações para esta sexta-feira em diversas capitais, protestando contra o que chamam de “tarifaço imperialista” e exigindo respostas rápidas do Executivo.

A crise comercial recém-instalada promete ser um dos principais desafios do governo federal no segundo semestre e pode redesenhar a geopolítica comercial brasileira em um momento em que o país busca ampliar sua presença no mercado internacional.

FONTE: reuters.com

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