Empresas do setor de energia suspenderam temporariamente as exportações de petróleo brasileiro para os Estados Unidos, em meio à incerteza gerada pelo novo pacote tarifário anunciado pelo governo norte-americano. A medida foi confirmada nesta quarta-feira (31) por representantes da Associação Brasileira das Empresas de Petróleo (ABEP), que classificaram o cenário como “uma paralisação preventiva enquanto se aguarda clareza regulatória”.
A decisão afeta embarques operados por Petrobras, Shell Brasil e outras multinacionais atuantes no pré-sal, que decidiram redirecionar ou reter navios-tanque enquanto aguardam um posicionamento formal da Receita Federal americana sobre a aplicabilidade das novas tarifas — que chegam a 50% para determinados produtos de origem brasileira, a partir de 6 de agosto.
De acordo com fontes do setor, a suspensão representa cerca de 20% da média mensal das exportações brasileiras de petróleo, gerando impactos logísticos imediatos. Parte do volume já extraído está sendo mantido em embarcações ancoradas na costa do Rio de Janeiro, aguardando nova definição de destino.
“Sem garantias de isenção ou definição clara do código tarifário, não há como assumir os riscos financeiros da operação”, afirmou André Malheiros, diretor técnico da ABEP. Segundo ele, a ausência de clareza sobre quais derivados serão taxados cria um ambiente de insegurança jurídica e comercial, mesmo entre países historicamente alinhados.
A Petrobras, em nota, informou que “está monitorando a situação junto às autoridades e clientes internacionais, e buscando rotas alternativas de escoamento”, sem mencionar prazos para normalização. Já a ANP (Agência Nacional do Petróleo) confirmou que acompanha o caso, mas destacou que se trata de uma “decisão de mercado”.
Especialistas apontam que a medida poderá afetar o superávit da balança comercial brasileira em agosto, caso o impasse se prolongue. Ao mesmo tempo, reforça a necessidade de diversificação dos destinos de exportação de petróleo, hoje fortemente concentrados nos mercados americano e asiático.
FONTE: reuters.com