O banco de investimentos Goldman Sachs divulgou nesta quarta-feira (31) uma análise detalhada sobre o pacote tarifário imposto pelos Estados Unidos ao Brasil, estimando que a tarifa média efetiva sobre as exportações brasileiras deverá atingir 30,8% após a entrada em vigor das novas medidas, marcada para o próximo 6 de agosto.
O relatório, distribuído a clientes institucionais e autoridades comerciais, indica que o impacto potencial sobre o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro será de cerca de ‑0,15 ponto percentual em 2025, o que representa um risco moderado, mas que não altera por ora a projeção central de crescimento de 2,3% para o ano.
De acordo com os analistas do banco, os setores mais afetados pelas novas tarifas incluem madeira processada, alimentos industrializados, componentes automotivos e insumos da indústria química, todos com forte presença nas exportações brasileiras para o mercado norte-americano. Parte desses produtos já operava com margens estreitas e, segundo o relatório, podem enfrentar redução de competitividade imediata, inclusive com risco de suspensão de contratos.
“Apesar da agressividade das tarifas, o Brasil ainda tem espaço para diversificar seus parceiros comerciais e amortecer parte dos impactos no médio prazo”, afirmou Marcos Guerra, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs. “Contudo, a resposta do governo brasileiro e a articulação diplomática nos próximos dias serão cruciais para evitar efeitos prolongados sobre o fluxo de comércio”, completou.
A nota técnica destaca ainda que, embora o pacote represente um revés pontual nas relações bilaterais Brasil-EUA, o mercado financeiro reagiu com relativa estabilidade, apostando em uma resposta técnica e pragmática do governo federal, com apoio à exportação e busca de novos acordos multilaterais.
O estudo do Goldman Sachs se soma a alertas emitidos nesta semana por instituições como o FMI, que veem nas tarifas americanas um risco para o desempenho de economias emergentes — especialmente em um ano de incertezas políticas e juros elevados.
FONTE: moneytimes.com