Mercado global reage com cautela à nova ordem tarifária dos EUA

A reação dos mercados globais à imposição da nova política tarifária dos Estados Unidos foi marcada por volatilidade, reavaliação de riscos e cautela nos principais centros financeiros do mundo. A decisão do governo norte-americano, que estabelece tarifas entre 15% e 50% sobre produtos importados de países sem acordos comerciais formais com Washington, impõe uma nova dinâmica ao comércio internacional e eleva o grau de incerteza para investidores e empresas.

Analistas de grandes bancos, como JPMorgan e HSBC, já alertam para a possibilidade de retração nos investimentos em setores exportadores e revisão de cadeias produtivas globalizadas. Empresas com operações em mercados emergentes, como Brasil, México e Indonésia, enfrentam um novo cenário de custos mais altos, perda de competitividade e previsões menos otimistas para os próximos trimestres.

Na Europa, bolsas fecharam em queda pelo segundo dia consecutivo, enquanto o índice Dow Jones recuou 0,8%, refletindo o temor de um retrocesso na liberalização comercial que sustentou o crescimento das últimas décadas. Já em mercados asiáticos, como Tóquio e Hong Kong, o movimento foi misto, com perdas em tecnologia e ganhos em energia.

Especialistas destacam que a nova “ordem tarifária” imposta pelos EUA pode acelerar uma reconfiguração das alianças comerciais, impulsionando acordos regionais e estratégias de desdolarização. “O comércio mundial já não será mais regido exclusivamente por ganhos de escala. Agora, geopolítica e proteção estratégica voltam ao centro das decisões empresariais”, avalia Sergio Ahn, analista-chefe da KPMG Global Trade.

O cenário ainda é considerado incerto, e investidores aguardam os desdobramentos de negociações entre os EUA e blocos como União Europeia, BRICS e ASEAN, que já iniciaram movimentações diplomáticas para mitigar os impactos das tarifas.

FONTE: bloomberg.com