Inflação ultrapassa meta e força manutenção dos juros em 15% no Brasil

A inflação brasileira voltou a ultrapassar o teto da meta oficial em julho, alcançando 5,3% no acumulado de 12 meses, segundo dados atualizados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice pressiona o Banco Central, que deve manter a taxa Selic em 15%, o maior patamar desde 2006, em sua próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

Apesar de registrar uma leve desaceleração em relação ao mês anterior, os preços seguem fortemente influenciados por aumentos nos setores de energia elétrica, combustíveis e transportes urbanos, além da pressão de alimentos e serviços. O comportamento recente contraria expectativas de que o ciclo de alta estaria estabilizado, reacendendo o debate sobre os efeitos dos juros elevados sobre o crescimento da economia.

Segundo projeções do mercado compiladas no Boletim Focus, a inflação deve encerrar 2025 em torno de 4,9%, ainda acima do centro da meta fixada em 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. A previsão de estabilidade nos juros reflete a postura cautelosa do Banco Central diante de riscos fiscais internos e incertezas externas — especialmente a possível adoção de tarifas comerciais por parte dos Estados Unidos, que pode repercutir sobre preços e exportações brasileiras.

“O Banco Central está em compasso de espera. A inflação ainda exige vigilância e o ambiente global não permite margem para cortes abruptos na Selic”, afirmou a economista-chefe do banco Modal, Tatiane Lima.

A taxa básica de juros permanecerá em foco nas próximas semanas, com agentes econômicos monitorando não apenas os números da inflação, mas também o comportamento do câmbio e a resposta do consumo interno, cada vez mais pressionado.

FONTE: reuters.com