A uma semana da entrada em vigor de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos, o governo federal e representantes do setor produtivo intensificaram os alertas sobre os riscos econômicos e comerciais da medida, que deve atingir principalmente setores como madeira, móveis, alimentos processados e têxteis.
Anunciado no mês passado pela administração norte-americana, o chamado “tarifaço” é visto como parte de uma política comercial mais protecionista voltada à indústria doméstica dos EUA, e tem gerado forte preocupação em Brasília. As negociações diplomáticas para reverter ou mitigar os efeitos da decisão até agora não obtiveram avanços significativos.
Empresários da indústria de base florestal do Sul do Brasil, por exemplo, já relatam redução na produção e suspensão de contratos internacionais, em função da incerteza gerada. O setor madeireiro paranaense, que exporta até 98% de seus produtos para os Estados Unidos, já opera com férias coletivas e ajustes na cadeia de fornecimento, segundo entidades do setor.
No Palácio do Planalto, a expectativa é que o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) intensifiquem os contatos com autoridades norte-americanas e articulem reação conjunta com o Mercosul, uma vez que outros países sul-americanos também serão afetados.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) classificou a medida como “inviável e desproporcional” e cobrou resposta institucional. Já a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) teme que o agronegócio sofra perdas indiretas, com queda de competitividade em cadeias exportadoras integradas.
A nova tarifa entra em vigor em 1º de agosto e poderá gerar impacto estimado em bilhões de dólares nas exportações brasileiras, caso não seja revista. Analistas do setor apontam que o momento exige agilidade diplomática e alternativas comerciais, incluindo a reabertura de negociações com União Europeia e países asiáticos.
FONTE: economia.uol.com