Cinquenta anos após a devastadora “geada negra” de 1975, que dizimou cafezais e redesenhou o mapa agrícola do Paraná, o estado se consolida como um dos polos mais dinâmicos da economia brasileira. De vilã a catalisadora, a geada é hoje considerada por economistas e historiadores como o marco zero da transformação econômica paranaense, que levou à diversificação produtiva e à industrialização acelerada do interior.
Na época, milhares de produtores de café migraram para culturas como soja, milho e trigo, que rapidamente ganharam protagonismo no agronegócio nacional. Com o novo perfil agrícola, surgiram polos logísticos, cooperativas robustas e investimentos em agroindústrias, impulsionando também o setor de transformação.
De acordo com dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), o Produto Interno Bruto (PIB) do estado saltou de R$ 440 bilhões em 2018 para R$ 718,9 bilhões em 2024, representando um crescimento de 63% em seis anos. O Paraná hoje lidera a Região Sul em participação na indústria de transformação e ocupa o terceiro lugar no ranking nacional, atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais.
Para o economista Flávio Arns, da Universidade Estadual de Londrina, o episódio da geada “forçou uma reinvenção produtiva que, décadas depois, mostrou-se fundamental para o posicionamento do Paraná na nova economia”. Hoje, o estado é referência em setores como alimentos processados, papel e celulose, móveis, tecnologia agrícola e exportações de commodities.
Na avaliação do governo estadual, o desafio agora é ampliar a qualificação da mão de obra e a inovação tecnológica, a fim de manter a competitividade global. Investimentos em educação técnica e ensino superior vêm sendo integrados ao planejamento econômico de longo prazo.
FONTE: gazetadopovo.com