Em meio à instabilidade gerada pelas novas tarifas dos Estados Unidos e ao acirramento de tensões comerciais, os mercados emergentes começam a despontar como âncoras de estabilidade e expansão no comércio global. Dados recentes revelam que países como Índia, China e Brasil têm conseguido manter níveis robustos de exportação, inflação sob controle e projeções de crescimento acima da média mundial.
A Índia surpreendeu analistas ao divulgar, nesta segunda-feira, uma taxa de inflação de apenas 2,1% em junho – o menor índice em mais de seis anos. O resultado, impulsionado pela estabilidade nos preços de alimentos e energia, abre espaço para o banco central indiano reduzir a taxa básica de juros ainda neste trimestre. A expectativa é de que a medida estimule o consumo interno e mantenha o país como um dos motores da economia asiática em 2025.
Na China, as exportações deram um salto inesperado de 5,8% em junho, mesmo com a queda nos embarques para os Estados Unidos. O resultado foi impulsionado pela ampliação das vendas para o Sudeste Asiático, Europa Oriental e África. Com isso, o governo chinês reviu para cima sua projeção de crescimento do PIB, de 4,7% para 5,1% no ano.
Já o Brasil segue registrando desempenho sólido no setor externo. As exportações de commodities, como soja, carne bovina e minério de ferro, continuam aquecidas, especialmente para mercados alternativos como China, Emirados Árabes e Índia. Apesar da tensão gerada pelas tarifas americanas sobre produtos manufaturados, a balança comercial brasileira acumula superávit de R$ 43 bilhões no primeiro semestre, segundo dados da Receita Federal.
“Estamos testemunhando uma redistribuição dos fluxos globais de comércio e investimento. Os mercados emergentes que souberem reagir com agilidade às mudanças nos padrões de demanda terão vantagem competitiva”, avalia Mariana Koga, economista-chefe do Instituto Sul-Americano de Comércio e Desenvolvimento.
Especialistas apontam que, além do desempenho econômico, a estabilidade política e a adoção de políticas monetárias prudentes têm favorecido a confiança dos investidores internacionais nesses países. No Brasil, inclusive, o fluxo de capital estrangeiro na B3 aumentou 7,2% no último mês.
O cenário reforça a tese de que, mesmo diante de um ambiente global turbulento, os mercados emergentes não apenas resistem, mas começam a liderar novos arranjos econômicos multilaterais. A tendência, segundo analistas, é que esses países ganhem ainda mais relevância na geopolítica econômica nos próximos anos, especialmente se os blocos tradicionais continuarem fragmentados por disputas comerciais.
FONTE: reuters.com