Após quatro meses consecutivos de crescimento, a economia brasileira registrou um recuo de 0,7% em maio, segundo dados do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) divulgados nesta segunda-feira pelo Banco Central. O indicador, considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), aponta para uma desaceleração pontual da atividade produtiva, em meio a pressões externas e oscilações internas.
O resultado negativo foi puxado principalmente pela queda expressiva de 4,2% na agropecuária, afetada por condições climáticas desfavoráveis em regiões produtoras do Centro-Oeste e Sul. Também contribuiu para o desempenho fraco o recuo de 0,5% na indústria de transformação, afetada por estoques elevados e queda nas exportações. O setor de serviços, que responde por mais de 70% da economia nacional, se manteve praticamente estável.
Analistas econômicos apontam que a contração, embora não represente uma tendência de retração generalizada, deve acender o sinal amarelo sobre o ritmo de crescimento no segundo trimestre. “É um tropeço importante, que reflete a combinação de fatores como o encarecimento do crédito, a incerteza global e os primeiros efeitos da política monetária ainda restritiva”, avalia Lara Magalhães, economista da Tendências Consultoria.
A queda do IBC-Br ocorre num momento em que o governo federal tenta sustentar o otimismo com a revisão positiva do PIB para 2025, que subiu de 2,4% para 2,5%. No entanto, o desempenho de maio impõe maior cautela nas expectativas, sobretudo com a recente imposição de tarifas comerciais pelos Estados Unidos, que ameaça setores exportadores brasileiros.
A leitura negativa também reforça pressões sobre o Banco Central, que mantém a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, mesmo com sinais de desaceleração da inflação. Parte do mercado já começa a defender cortes graduais na taxa para o segundo semestre, como estímulo à retomada do investimento produtivo e ao consumo interno.
Apesar do tropeço em maio, o acumulado do ano ainda é positivo, e o desempenho de junho será determinante para confirmar se o recuo foi pontual ou o início de uma tendência de enfraquecimento mais duradoura.
Enquanto isso, os setores produtivos pedem atenção: “É hora de proteger o crescimento conquistado até aqui”, alertou, em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O segundo semestre se inicia com a economia brasileira em compasso de espera — entre a resiliência conquistada e os riscos de desaceleração à vista.
FONTE: poder360.com