O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, revelou em ata publicada nesta quinta-feira (10) que seus dirigentes estão divididos quanto ao momento ideal para iniciar cortes na taxa básica de juros. A indecisão gerou cautela entre investidores globais, que já vinham reavaliando expectativas em meio às tensões comerciais recentes e aos sinais de desaceleração da economia mundial.
Parte dos membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) defende que os juros, atualmente em 5,25% ao ano, devem começar a cair ainda em 2025, diante da moderação da inflação e de indícios de enfraquecimento no consumo. Outro grupo, porém, argumenta que a resiliência do mercado de trabalho e os riscos inflacionários externos exigem uma postura mais conservadora.
O debate ocorre em meio a um cenário geopolítico instável, marcado pelo anúncio de novas tarifas comerciais por parte dos EUA, com impacto direto nos preços globais de commodities e possíveis reflexos inflacionários. A ata aponta que o Fed considera essas variáveis em seus modelos, admitindo que “as incertezas globais podem alterar a trajetória esperada da política monetária”.
Nos mercados, o impasse resultou em leve instabilidade: os rendimentos dos títulos do Tesouro americano subiram, enquanto o dólar apresentou valorização frente a moedas de países emergentes, como o real. A próxima reunião do FOMC, prevista para setembro, deverá ser decisiva para definir os rumos da política monetária norte-americana no segundo semestre.
“A sinalização de que o Fed ainda não chegou a um consenso frustra parte dos investidores, mas também demonstra prudência num contexto de riscos externos crescentes”, avaliou Lisa Grant, economista-chefe da Morgan Global Advisors.
FONTE: wsj.com