Após o caso de violência contra um menino autista em uma escola de Araucária, educadores, especialistas e entidades de defesa dos direitos das pessoas com deficiência intensificaram os apelos por melhorias estruturais na rede de ensino. O episódio, classificado como tortura pela polícia, foi um estopim para debates sobre a fragilidade das políticas de inclusão escolar no estado do Paraná.
De acordo com especialistas em educação inclusiva, o caso revela não apenas um ato isolado de violência, mas uma falha sistêmica no atendimento de alunos com necessidades educacionais especiais. A ausência de cuidadores preparados, a escassez de formações específicas para professores e a estrutura precária em muitas escolas são apontadas como fatores críticos.
Claudia Costin, referência em políticas educacionais e ex-diretora global do Banco Mundial para Educação, destacou em entrevista que a escola não estava apta a receber o estudante, que demandava suporte de nível 3 — o mais alto da classificação de apoio. “A escola não pode ser apenas um espaço físico aberto. Ela precisa ter condições para acolher, respeitar e ensinar cada aluno. Neste caso, claramente, a rede falhou”, afirmou.
Entidades como o Movimento Inclusão Já e associações de pais de alunos com deficiência pedem uma revisão urgente dos protocolos de inclusão, a contratação de mais profissionais de apoio escolar e investimentos contínuos em formação docente. A demanda é por um modelo de inclusão que vá além da matrícula e garanta presença, participação e aprendizagem efetiva.
A Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed-PR) divulgou nota se comprometendo a revisar os procedimentos e a fortalecer os programas voltados à inclusão. No entanto, especialistas alertam que medidas pontuais não serão suficientes sem um planejamento estratégico de médio e longo prazo.
Para muitos, o caso de Araucária servirá como marco simbólico: ou o sistema educacional evolui para uma inclusão real, ou continuará a expor suas fragilidades diante de episódios de extrema violência e negligência.
FONTE: Uol Noticias