Varejo brasileiro recua pelo segundo mês seguido e acende alerta sobre consumo

O setor varejista brasileiro voltou a registrar queda no volume de vendas em maio, com recuo de 0,2% na comparação com o mês anterior, segundo dados divulgados nesta terça-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa é a segunda retração mensal consecutiva, após o desempenho negativo de abril (-0,4%), indicando um arrefecimento do consumo das famílias em meio ao cenário de juros altos e inflação controlada, mas persistente.

A expectativa do mercado era de um leve crescimento de 0,2%, o que torna o resultado ainda mais expressivo para analistas. Entre os segmentos que mais contribuíram para a queda estão livros e papelaria (-5,7%), equipamentos de informática (-2,1%) e artigos de uso pessoal (-1,9%). Em contrapartida, o setor de supermercados teve alta de 0,6%, segurando uma queda mais acentuada do índice geral.

A retração ocorre apesar do Dia das Mães, tradicionalmente um dos principais impulsionadores do varejo no primeiro semestre, o que acendeu um sinal de alerta entre economistas. Para eles, o alto patamar da taxa Selic — mantida em 15% ao ano — tem restringido o acesso ao crédito e desestimulado as compras a prazo.

“Estamos observando uma demanda mais fraca, especialmente em setores que dependem de crédito ou de impulso emocional de consumo. A combinação de juros altos e inadimplência ainda elevada limita a retomada”, analisa a economista Carolina Marchon, da consultoria 360 Invest.

O varejo brasileiro vinha registrando uma recuperação gradual no pós-pandemia, mas os resultados dos últimos meses indicam um possível ponto de inflexão, especialmente em meio à estagnação da renda real e desaceleração no mercado de trabalho formal.

O desempenho do varejo é considerado um dos principais termômetros da atividade econômica, e os números de maio deverão pesar na próxima revisão das projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre.

FONTE: reuters.com