Um levantamento recente baseado em dados do Censo Demográfico 2022 revela um retrato preocupante da exclusão educacional no país: apenas 7,4% das pessoas com deficiência (PCDs) conseguiram concluir o ensino superior no Brasil. O índice é significativamente inferior à média nacional, que ultrapassa 20% na população geral.
Especialistas e entidades ligadas à inclusão apontam que os números refletem barreiras estruturais e pedagógicas persistentes no sistema educacional brasileiro. Entre os principais obstáculos estão a falta de acessibilidade física nas escolas, escassez de materiais didáticos adaptados, formação insuficiente de professores para lidar com a diversidade funcional, além de preconceito social que desestimula a permanência e progressão dos alunos.
A pesquisadora Claudia Werneck, referência em educação inclusiva, observa que o acesso desigual começa ainda na educação infantil e se aprofunda ao longo das etapas de ensino. “Há uma tendência a considerar o aluno com deficiência como alguém que demanda cuidados assistenciais e não como sujeito de direitos educacionais plenos”, afirma.
A baixa taxa de conclusão também se reflete no mercado de trabalho, onde pessoas com deficiência enfrentam maiores índices de desemprego e subemprego. A falta de qualificação formal, por sua vez, limita o acesso a cargos técnicos e de liderança.
O Ministério da Educação anunciou que irá revisar a Política Nacional de Educação Especial, com foco em garantir permanência, aprendizagem e desenvolvimento pleno. Estão previstas ações como a ampliação de Salas de Recursos Multifuncionais, investimento em tecnologia assistiva e formação continuada de professores da educação básica.
Movimentos sociais cobram, contudo, que as ações sejam mais ágeis e vinculadas a metas concretas. “Educação inclusiva não é favor, é direito garantido por lei”, lembra a ativista Ana Lúcia Arellano, presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
FONTE: folha.uol.com