O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sinalizou nesta quarta-feira (3) que deverá adotar uma “pausa prolongada” na trajetória de alta da taxa Selic, atualmente fixada em 15% ao ano, o maior patamar desde 2006. A decisão, antecipada em declarações do diretor de política monetária do BC, Nilton David, reforça a estratégia da autoridade monetária de monitorar os efeitos do aperto já realizado antes de tomar novas decisões.
Segundo David, o comitê entende que é necessário aguardar para avaliar o impacto do atual nível de juros sobre os preços e a atividade econômica, diante de um cenário de crescimento ainda acima do esperado. “Precisamos ver como a economia vai se comportar nas próximas leituras de inflação. A prioridade continua sendo o controle do índice de preços ao consumidor”, declarou.
O último ajuste, ocorrido em junho, elevou a taxa de 13,75% para 15%, em resposta à pressões inflacionárias persistentes, impulsionadas pelo consumo aquecido e pelo câmbio volátil. A decisão dividiu o mercado, com parte dos analistas defendendo que o patamar atual já é suficientemente restritivo para conter a demanda.
A sinalização de estabilidade por um período prolongado foi bem recebida por setores produtivos, que vinham demonstrando preocupação com os efeitos dos juros altos sobre o crédito e o investimento. No entanto, o Banco Central reafirmou seu compromisso com a meta de inflação, atualmente de 3% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto percentual.
A próxima reunião do Copom está marcada para meados de setembro, e os dados econômicos dos próximos dois meses — como inflação, PIB, emprego e balança comercial — serão determinantes para eventuais ajustes na política monetária.
FONTE: reuters.com